O amianto é um material que se utilizou muito durante a segunda metade do século XX como matéria prima para o fabrico de diversos materiais.
Este é no entanto um material muito perigoso para a saúde das pessoas que lhes estão expostas e em Portugal encontra-se proibida a sua comercialização e utilização desde o ano de 2005.
Apesar de proibido, a exposição ao amianto continua sendo uma realidade na medida em que os materiais contendo amianto fazem parte de uma enorme diversidade de locais e equipamentos: elementos construtivos em edifícios, instalações industriais, barcos… Muitos trabalhadores associados a atividades de manutenção, desmantelamento e demolição podem estar sujeitos à exposição ao amianto.
Que é o amianto?
O amianto designa um grupo de minerais fibrosos (compostos maioritariamente por silicatos), que se apresentam de forma natural na composição de rochas. Ocorrem minas em várias partes do mundo, algumas subterrâneas e outras a céu aberto.
O termo anglosaxónico para amianto é asbestos, podendo-se encontrar este termo para designar amianto em diversas publicações.
Existem no total seis tipos de amianto que se exploram comercialmente, sendo os três mais importantes os seguintes:
As outras variedades são a antofilite, actinolite e tremolite. Estas variedades tiveram uma utilização industrial muito menor, sendo mais frequente encontra-lo como contaminante de outros minerais, por exemplo no pó de talco.
A crocidolite e a amosite pertencem ao grupo mineral das anfíbolas, com fibras retas e relativamente rígidas. O crisótilo pertence ao grupo mineral das serpentinas e caracteriza-se pelas suas fibras flexíveis e encaracoladas.
O amianto é extremamente durável, estável e tem uma grande resistência ao calor. Algumas variedades são também muito resistentes aos ácidos. Além do mais, pela sua forma fibrosa, o amianto pode ser fiado e tecido, formando fios e mantas, bem como utilizar-se para reforço de cimento e plásticos.
Como se comportam as fibras de amianto?
Por norma os materiais que contêm amianto libertam fibras quando manipulados, sendo essa libertação tanto mais intensa quanto mais agressiva for a sua manipulação.
As fibras de amianto têm a propriedade de se dividir e subdividir longitudinalmente em fibras cada vez mais finas. Esta divisão é progressiva e praticamente ininterrupta. As fibras de amianto mais finas são apenas visíveis com microscópio electrónico.
As fibras libertadas mantêm-se em suspensão durante algum tempo e logo se depositam no solo ou outras superfícies.
O movimento de pessoas ou correntes de ar provocam a suspensão das fibras sedimentadas. Estes movimentos favorecem a divisão e subdivisão das fibras, aumentando a sua concentração no ambiente. Quanto mais finas, maior o tempo de suspensão e a probabilidade de serem respiradas por pessoas.
As fibras mais finas penetram no sistema respiratório e conseguem alcançar a zona mais profunda dos pulmões (alvéolos pulmonares), onde se depositam. Os macrófagos alveolares, responsáveis pela limpeza de corpos estranhos nos pulmões, podem eliminar as fibras curtas, porém as fibras longas resistem à sua ação e permanecem inalteradas dando lugar à ocorrência de processos fibrogénicos e cancerígenos.
Que efeitos tem para a saúde?
O perigo do amianto é o respirar das fibras que o compõem.
Quando uma fibra é tão fina que alcança a zona mais profunda dos pulmões (alvéolos pulmonares), deposita-se e não é possível a sua remoção.
Existem teorias diversas do mecanismo de ação das fibras de amianto:
Os efeitos do amianto manifesta-se com a ocorrência de doenças graves e incuráveis:
O tempo que demora em manifestar-se qualquer uma destas doenças pode ser muito prolongado a partir do momento em que tem início a exposição ao amianto. Tratam-se de patologias com um longo período de latência.
Onde existe risco de exposição ao amianto?
As doenças graves e incuráveis provocadas pelo amianto resultam do respirar fibras de amianto. As situações de risco de exposição a fibras de amianto são aquelas onde possam ocorrer fibras de amianto na atmosfera.
Atualmente as situações de risco já não se encontram nos processos de fabrico, como acontecia há algumas décadas atrás, até à proibição do amianto em toda a União Europeia desde 1 de Janeiro de 2005. A maioria dos países europeus adiantaram-se a esta proibição.
Para identificar as situações de risco há que ter em conta que se encontram instaladas quantidades significativas deste material. Muitos materiais contendo amianto foram aplicados para incrementar as propriedades de resistência contra incêndio, prover isolamentos térmicos e acústicos, etc, permanecendo nos locais de instalação.
São muitas as pessoas que podem contatar com estes materiais e encontrar-se expostos a fibras de amianto sem disso terem conhecimento.
Nas atividades de remoção de amianto os trabalhadores encontram-se evidentemente expostos a fibras de amianto, pelo que é fundamental a aplicação correta das medidas de prevenção e proteção previstas.
Que pessoas podem estar expostas ao amianto?
O risco que um material com amianto comporta para as pessoas depende diretamente da possibilidade de respirar as suas fibras. Esse risco aumenta significativamente quando o material com amianto é manipulado por pessoas.
Assim, de um modo geral, as pessoas que podem encontrar-se expostas ao amianto são aquelas que participam no seguinte tipo de atividades:
Em que tipo de edifícios é provável encontrar amianto?
É erróneo pensar que existem edifícios de maior ou menor risco, já que a origem do risco para as pessoas resulta do tipo, situação, estado de conservação, composição, etc, de cada material com amianto.
Os edifícios e instalações onde existe maior probabilidade de encontrar amianto, são aqueles que foram construídos ou intervencionados entre os anos de 1950 a 1989. Este foi o período onde mais se recorreu ao amianto enquanto matéria prima para a fabricação de outros materiais.
Onde se pode encontrar amianto dentro dos edifícios?
O amianto foi utilizado na edificação de modo profuso e sob variadíssimas formas e tipos de materiais. Não possível à simples vista identificar e reconhecer a presença de amianto.
As propriedades únicas do amianto tornaram-no muito valioso durante o século XX. Foi utilizado como matéria prima para a elaboração de outros materiais de modo a que o material final reúna as características e propriedades do amianto. Os materiais fabricados podem ter aparências muito diversas dependendo se forem preparados com outros materiais como plásticos, gesso, resinas, cimento, etc.
A identificação de materiais contendo amianto num edifício requer a visita de pessoal qualificado, que na maioria dos casos procede à recolha de amostras para análise em laboratórios especializados, na medida em que nem sempre é possível determinar a natureza do material à vista desarmada.
Os locais num edifício onde primeiro se deve averiguar a presença de amianto são:
São todos os materiais igualmente perigosos?
Alguns materiais são mais vulneráveis que outros, sendo mais provável a libertação de poeiras e fibras de amianto. Geralmente os materiais com alta percentagem de amianto danificam-se com mais facilidade.
São conhecidos como materiais friáveis os materiais que se desagregam facilmente, bastando para tal exercer força ou pressão com as mãos. Exemplos de materiais friáveis:
Existem outros materiais, que se designam por não friáveis, onde o amianto se encontra retido não sendo fácil a sua libertação. É o caso dos seguintes:
Os materiais com maior nível de risco são os friáveis. Estes materiais devem ser controlados para evitar a libertação de fibras de amianto, manter um bom estado de conservação e impedir a sua deterioração.
Os materiais não friáveis também têm que estar controlados sempre que ocorram intervenções que provoquem o seu rompimento e consequente produção de poeiras. Este é o caso, por exemplo, de trabalhos de manutenção e corte de tubagens de distribuição de água.